segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Stieglitz e o sentido da fotografia

A busca por uma identidade própria enquanto exercício cultural/artístico sempre inquietou os fotógrafos. Se no princípio a fotografia era considerada pelos artistas "sérios" como um simples apoio para pintores, logo surgiram os defensores do que deveria ser a autêntica expressão fotográfica. Um deles é Alfred Stieglitz
(1864-1946), americano, filho de um próspero comerciante de lã. Morou em Berlim, onde estudou e foi colega de diversos artistas. Logo se interessou pela ainda recente atividade fotográfica e a defendeu como uma forma de expressão única. Em suas próprias palavras, " Nunca desenhei, nem pintei, nem tive lições de arte; nunca quis desenhar ou ser artista, nem sabia de nenhuma dessas atividades quando comecei a fotografar. Comecei pelo ABC e fui formando meus métodos próprios e minhas ideias". Curioso notar que o próprio Stieglitz teve reação semelhante a de alguns fotógrafos hoje diante da profusão de equipamentos digitais, quando viu as primeiras cameras de mão: "é divertido ver a maioria dos operadores de cameras de mão disparando toneladas de chapas a esmo, sem saber como vai ser o resultado final...". No entanto, em 1897, ele próprio já aplaudia as possibilidades das pequenas máquinas.

Quinta Avenida, 291

Em 1902 criou seu grupo fotográfico, a que chamou Foto-Secessão, inspirado nos pintores secessionistas alemães que se rebelaram contra a arte acadêmica. No famoso endereço do número 291 da Quinta Avenida, em Nova Iorque, realizou exposições de arte moderna e foto. Definia o local como "um laboratório, uma estação experimental". Nas discussões com seus amigos pintores, alfinetava: "não sei nada de arte, nunca quis fotografar como vocês pintam". Apesar da aparente dicotomia, Stieglitz era acima de tudo um defensor da criatividade. Realizou 175 exposições entre pinturas e fotos no "291". Dizia que, paradoxalmente, a camera poderia libertar os pintores da necessidade tradicional de serem literais e representacionais; assim, a pintura moderna poderia ser a "anti fotografia", ao passo que a fotografia poderia ser tão somente ela mesma...
Entre suas fotos mais famosas, estão ensaios sobre o inverno em Nova Iorque, a série "música" com fotos de nuvens e cenas da vida nas cidades. Outro destaque é o "retrato composto de Georgia O´Keefe" - sua esposa - formado por mais de quatrocentas imagens tiradas ao longo de muitos anos para compor um único painel. Suas fotografias foram as primeiras a serem expostas nos grandes museus de arte de Boston, Nova Iorque e Washington.
O video a seguir conta mais da história de Stieglitz, sua fotografia revolucionária e pioneira:

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