sábado, 5 de novembro de 2011

Todos que fazem imagens são jornalistas?

A popularização das câmeras digitais de diversos formatos, qualidade de imagem e preços, sem falar nas câmeras dos celulares, traz uma consequência: cada pessoa passou a ser um fotógrafo ou cameraman em potencial. Mas será que todos são, por extensão, jornalistas? As empresas jornalísticas incentivam o envio de imagens por parte de seus leitores, internautas e telespectadores. Até onde isso pode comprometer a credibilidade das notícias? Por trás desta questão está o debate sobre a formação profissional do jornalista. Em tese - e falo "em tese" para não incorrer no erro de supor que todo jornalista é, por extensão, um repórter cinematográfico ou fotográfico - este profissional possui a condição técnica e de responsabilidade para definir o que deve ou não ser publicado. Mais que isso, um jornalista sabe que um mesmo fato pode ter várias versões. Assim, antes de publicar a foto ou o video de um flagrante - para citar o tipo de imagem mais comumente oferecida às redações pelos "amadores" - vai necessariamente conferir as condições em que se deu o fato, a história por trás da imagem e ouvir os lados envolvidos para que todos possam se pronunciar.

Filtros

É óbvio que as redações devem ter "filtros" e sistemas de checagem para avaliar e avalizar a publicação do material "amador". Sem isso corre-se o risco de dar uma "barrigada" - no jargão jornalístico, cometer um erro grosseiro. Também parece bem óbvio que nenhuma empresa minimamente séria iria basear seu notíciário apenas em imagens oferecidas por não-profissionais. Mesmo porque, enquanto o "leitor-repórter" é ocasional, o profissional estará cumprindo sua carga de trabalho diária e suas pautas.
Por outro lado parece irreversível o movimento de participação das pessoas na vida dos meios de comunicação. Se antes todos eram leitores, ouvintes e telespectadores passivos, hoje a palavra de ordem é interação: não basta apenas acompanhar o conteúdo, é preciso participar. Já para os profissionais da imagem, não há outro caminho: estudar muito, aperfeiçoar-se para ter um diferencial verdadeiro. Se antigamente era comum que fotógrafos começassem como auxiliares de laboratório, motoristas ou contínuos das redações, hoje a maioria dos editores exige curso superior. Segundo Gustavo Roth , da Folha de São Paulo, “a fotografia atualmente cobre assuntos mais frios, tem mais retratos e precisa de mais análise; o fotógrafo precisa de conhecimento e referências; deve ter conceitos de ética, de como funciona a publicação.”

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