terça-feira, 16 de agosto de 2011

A experiência do celular

Seja pela portabilidade, seja pela discrição, o celular é um baita aliado para fazer imagens. Mais que isso, deveria ser visto como um instrumento de treino e educação do olhar. Como as possibilidades de interferência são mínimas, tendo em vista que a maioria dos ajustes são pré-definidos no aparelho, resta prestar atenção num aspecto fundamental: composição. A maioria das imagens com celulares tende a ser deficiente em termos de definição, o fotógrafo acaba recuperando um fundamento ancestral, do tempo das máquinas de filme, que se perdeu com a chegada das digitais: o capricho na hora de enquadrar e tirar a foto. Luz, enquadramento, composição são elementos fundamentais para que as imagens fiquem boas.

Macetes


Existem alguns conselhos para obter imagens de melhor qualidade com o celular: chegar mais perto do que se quer registrar, buscar locais de boa iluminação, segurar firme o aparelho (já que é bem mais suscetível a tremidas do que uma camera fotográfica ou de vídeo), conhecer bem o equipamento (aprender a usar os recursos pré-definidos) são alguns deles. Na internet já há centenas de sites dedicados exclusivamente às imagens feitas com celular, o que significa um movimento no sentido contrário ao dos que se opuseram ferrenhamente ao uso de celulares como cameras.

Filtros e aplicativos


Não vou voltar ao tema do Instagram (ver dois posts sobre o assunto neste blog). Mas não há como negar que existem - em especial no I-phones - inúmeros apps para fotografia que ajudam bastante a melhorar as imagens. Há quem diga que, na verdade, estes filtros mais servem para encobrir imperfeições (foco ruim, baixa iluminação, ausência de contraste) do que oferecer uma imagem melhor. Isto até pode ser verdadeiro em alguns casos, mas existe outra forma de ver a questão: o uso destes filtros acaba se constittuindo em outro tipo de linguagem, que leva a pessoa a desenvolver um senso estético diferente. Nem melhor nem pior, mas diferente. Mais uma vez, o grande diferencial entre uma imagem boa e uma imagem ruim é o conteúdo da foto, a emoção e o senso estético que ela traz. Assim, ninguém deveria ter receio de usar estes aplicativos. A única restrição possível é a da imagem ruim, sem criatividade, pobre de conteúdo e de estética.

Imagens pofissionais?


Por último, uma questão que tem preocupado muita gente: o uso profissional dos aparelhos celulares. Existem inúmeras discussões em fóruns de fotógrafos, e a polêmica está sendo bastante áspera. Infelizmente a maioria das pessoas tende a uma radicalização extremada de suas posições, com a defesa de um ponto de vista fechando a questão para quem pensa o contrário ou é mais flexível. Fato é que, aos poucos, as barreiras vão caindo. Fotógrafos renomados aderem ao celular - inclusive como opção estética - e imagens feitas com o equipamento já ocupam as páginas de jornais, revistas e internet. Sem maiores prejuízos à qualidade. Claro que um equipamento profissional obtém melhores resultados: foco, abertura e velocidade adequados, balanço de branco, além de uma sensibilidade maior no sensor, garantem melhor contraste, equilíbrio de cores, fidelidade à cena real. Além disso, o arquivamento no sistema RAW permite um trabalho de ajustes mais preciso nos programas de tratamento de imagens. Por outro lado, cameras e lentes cada vez melhores nos celulares vão diminuindo a distância aos equipamentos profissionais. Por enquanto, pelo menos para o jornalismo, ainda vale a regra de estar no lugar certo na hora certa: pouco importa a forma de registro do fato, o que importa é ter a cena gravada e a sua relevância. Para quem tem no registro de imagens o interesse artístico, a situação é ainda mais flexível e o celular pode até ser usado como instrumento de uma linguagem diferenciada. A última fronteira ainda pode ser a da publicidade, em que o controle de ambiente - com definição de cor e luz - ainda é melhor captado pelo equipamento profissional.

PS: as cinco últimas fotos são minhas e foram tiradas, de baixo para cima, com um celular Sony Ericsson(primeira), com um I-phone (as duas seguintes) e as duas últimas com um blackberry antes e durante o show de Paul McCartney em Porto Alegre em 2010.

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